Justiça

"A natureza é sábia e justa. O vento sacode as árvores, move os galhos, para que todas as folhas tenham o seu momento de ver o sol."

Humberto de Campos

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LAGOS, RIOS E MARES

Barcarola é uma composição poética de

origem italiana em que há referência ao mar ou a um rio ou lago. "

O Gondoleiro do Amor", de Castro Alves é

um exemplo desse tipo de poema.








Aqui está o barcarola de Castro Alves:


O GONDOLEIRO DO AMOR

Teus olhos são negros, negros,
Como as noites sem luar...
São ardentes, são profundos,
Como o negrume do mar;


Sobre o barco dos amores,
Da vida boiando à flor,
Douram teus olhos a fronte
do Gondoleiro do amor.


Tua voz é a cavatina
Dos palácios de Sorrento,
Quando a praia beija a vaga,
Quando a vaga beija o vento;


E como em noites de Itália,
Ama um canto o pescador,
Bebe a harmonia em teus cantos
O Gondoleiro do amor.


Teu sorriso é uma aurora,
Que o horizonte enrubesceu,
-Rosa aberta com o biquinho
Das aves rubras do céu.


Nas tempestades da vida
Das rajadas no furor,
Foi-se a noite, tem auroras
O Gondoleiro do amor.


Teu seio é vaga dourada
Ao tíbio clarão da lua,
Que, ao murmúrio das volúpias,
Arqueja, palpita nua;


Como é doce, em pensamento,
Do teu colo no languor
Vogar, naufragar, perder-se
O Gondoleiro do amor!?...


Teu amor na treva é - um astro,
No silêncio uma canção,
É brisa - nas calmarias,
É abrigo - no tufão;


Por isso eu te amo querida,
Quer no prazer, quer na dor...
Rosa! Canto! Sombra! Estrela!
Do Gondoleiro do amor.


Recife, janeiro de 1867.
in Espumas Flutuantes - 1870.


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Flor da manhã

Flor da manhã se abrindo
Ao raiar de uma nova alvorada
E a luz do sol refletindo
Nas águas do mar agitadas.

Homens clamando aos céus
Numa prece por sabedoria
Eu desvendo por detrás dos véus
Inspirada em plena harmonia...


Fecho os olhos e vejo a imagem
Da chuva de prata caindo
Juntando a um lago a miragem
Do sol em tudo refletindo.

OS sonhos mais lindos tecendo
Seus fios dourados, brilhantes,
Ainda que em noite, escurecendo
Nas estrelas, promessas constantes.

Camélia La Branca



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Calmaria


O teu rosto tem a paz
Da superfície de um lago,
Com o reflexo que o sol faz
Lembrando teu doce afago.


Os teus versos são as ondas
Onde flutua o amor
Por mais que queira, e escondas,
Sinto neles, muito ardor!!!

Como uma canção suave
Da brisa vinda do mar,
Como o canto de uma ave
Sua voz vem me alegrar...

Nas ondas dos teus cabelos
Aprendi a mergulhar
Distraída dos meus zelos
Ao ponto de me afogar...


Perdida em alto mar
Eu navego na esperança,
Numa ilha te encontrar
Verde ilha da bonança...

Não importa a tempestade
Logo vem a calmaria,
Um mar de felicidade
Muita paz e harmonia!!!

Camélia La Branca



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Do outro lado do rio

A neblina cobria o rio,
Nada via do lado de lá
De manhã já se ouvia
O canto do sabiá

Que do outro lado do rio
Cantava para alegrar...
Às vezes o sol refletia
Fazendo a vida brilhar.

Mas entre o sol e o rio
Havia o meu sonhar
Que um dia conseguiria
Chegar do lado de lá...


Nas tardes claras do verão
A neblina se desfazia
As flores nitidamente
Brilhavam em pura magia

E o pequeno barco movia
Trocando sonhos nas margens,
Levando e trazendo emoções
No leve dançar das ramagens...

Do lado de lá e do lado de cá
O pequeno mundo se unia;
O sabiá a cantar,
As ramagens a dançarem
O perfume das flores
Nesta tarde que morria.


Camélia La Branca



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Mares e rios.

Pelos mares, pelos rios
Correm águas transparentes
Tantas vidas existentes
Entre barcos e navios.

Não fosse a poluição
Seriam ainda mais
Vivem plantas e animais,
Natureza em perfeição.

Também vive muitos sonhos
De quem por ali navega
Há sempre um brilho que cega
No sol dos dias risonhos....

Inspiração aos poetas,
Alimento ao pescador,
Um coração sonhador
Segue o sonho como setas.

Vão as sombras, refletindo
Vão ficando poesias
Amores e fantasias
De todas as mentes, surgindo...

Camélia La Branca
04/12/008



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Lamento do mar

Deitada na areia eu vejo
Onda agitada do mar
Que abraça a areia num beijo
Pra logo se retirar.

Espumas brancas do mar
Que deixa a areia rendada
Dizendo que vai voltar
Buscar a renda deixada.

E eu aqui a sonhar
Com a fúria do mar bravio
Naquele eterno dançar
Por dias e noites a fio.

Que leva e traz a areia
Que canta junto com o vento,
Mas ouço não é seria,
O mar em constante lamento.

Camélia La Branca
23/01/009